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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Prisão na Feira do Livro


A performance de uma artista de 31 anos causou confusão na sexta-feira na Feira do Livro, no centro de Porto Alegre. Telma Scherer, formada em Filosofia, mestre em Literatura e autora de dois livros, apareceu à tarde em meio às bancas, acorrentada pelo pescoço a uma casinha de cachorro e com um cartaz onde se lia "Não alimente o escritor", repleto de contas pagas pela artista.

Durante a performance, algumas pessoas começaram a reclamar, especialmente quem estava nas bancas de livros. Uma reclamação era de que o ato estava prejudicando as compras. A Brigada Militar (BM) foi chamada.

— Ela estava gritando bastante — disse um soldado.

Ao rejeitar deixar o local, a artista foi colocada em um camburão, gerando protestos de colegas dela e de frequentadores da feira. Ela foi encaminhada ao posto da BM na Praça XV.

— Fui levada em um camburão com quatro policiais do meu lado. Chegaram a dizer que eu deveria fazer exame de sanidade mental — afirmou.

Telma foi liberada após conversa com o responsável pela unidade, capitão Marcelo Fernandes, e o vice-presidente da Feira, Osvaldo Santucci. A artista não sofreu ferimentos. Não foi registrada queixa contra ela. A Câmara Rio-Grandense do Livro divulgou nota para explicar o ocorrido. Leia abaixo:


Nota da Câmara Rio-Grandense do Livro

A Câmara Rio-Grandense do Livro realiza a Feira do Livro de Porto Alegre há 55 anos sempre preocupada em garantir um evento democrático, aberto e gratuito. As manifestações populares durante a realização da Feira do Livro são comuns e até mesmo já se tornaram uma prática natural em locais onde há grande concentração de pessoas.

A ação da Brigada Militar ocorrida na noite de sexta-feira, foi motivada pela solicitação de visitantes da Feira do Livro que foram impedidos de circular, como por exemplo, mãe e filho cadeirante que não conseguiram prosseguir em um corredor do evento.

Outros fatos decorrentes da manifestação, como a ingestão abusiva e a oferta de bebida alcoólica na via pública, foram relatados por diversas pessoas.

A ação da Brigada Militar foi no sentido de colaborar para a segurança de todos, inclusive da própria manifestante, que foi conduzida até o posto policial da Praça da Alfândega, acompanhada de amigos e outras pessoas que assistiram a abordagem da Brigada Militar.

A autora não foi presa, tendo sido liberada imediatamente após sua identificação, uma vez que não portava documentos e não foi realizada representação contra a mesma.

ZERO HORA

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