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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A burguesia fede

Anos  80. Num  ato em  favor dos rodoviários  de Porto Alegre Valdir  Bohn Gass diz   que  precisamos  nos  organizar  pois a burguesia  não  vai  nos  perdoar.
2014 deputado Elvino Bohn Gass  irmão  de  Valdir  é  suspeito de  desvio de  verbas  de  pequenos agricultores.
Raul Pont  também  da  democracia socialista, a  tal  de  DS,  foi acusado junto  com  Bohn Gass.
Trata-se da história do ex-assessor petista Paulo Roberto Salazar da Silveira, que afirma ter sido "operador de caixa-dois" no Partido dos Trabalhadores.
Também denuncia que foi obrigado a devolver ao partido cerca de R$ 4 mil reais por mês que recebia como assessor parlamentar em gabinetes dos deputados Raul Pont e Elvino Bohn Gassa na Assembléia Legislativa, entre 1998 e 2005.
 
Paulo Salazar move ação contra o PT na 16ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre. Pede R$ 445 mil como indenização uso de duas contas bancárias e de seu cartão de crédito por um comitê eleitoral do partido.
 
Entrevistados por veja, Raul Pont e Bohn Gass negaram as acusações. "É estranho essa denúncia aparecer em pleno período eleitoral", acrescentou Pont. No que se igualou a Pedro Simon(PMDB) e Marcos Ronchetti(PSDB), prefeito de Canoas, que ao longo da semana usaram o período eleitoral como desculpa para o surgimento de suspeitas.
 
Quem os vê falando pensa que denúncia tem hora para ser feita. A questão é saber se tem ou não fundamento. Se têm consistência, podem ser divulgadas a qualquer tempo. Seja em período eleitoral, no Natal ou na Páscoa. O momento é o que menos importa.
O deputado Elvino Bohn Gass (PT-RS), investigado pela Polícia Federal por fraude em empréstimos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), é o mesmo petista que, quando deputado estadual no Rio Grande do Sul, foi processado em 2009 pelo ex-tesoureiro da facção petista Democracia Socialista Paulo Salazar por confisco de salários de assessores, diárias frias, caixa 2 e lavagem de dinheiro em campanha.
Uma investigação da PF para comprovar denúncia de fraude em empréstimos do Pronaf encontrou referências a Elvino Bohn Gass e ao vereador de Santa Cruz do Sul Wilson Rabuske, em escuta telefônica autorizada pela Justiça. O caso, que tramitaria no Estado, foi remetido à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília, por envolver deputado federal detentor de foro privilegiado.
Na transcrição de uma escuta, obtida em Brasília e divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira, um homem que a Polícia Federal identifica como ligado à Associação Santa-Cruzense dos Agricultores Camponeses (Aspac) e outro, suposto agricultor, falam que a entidade está com dificuldades para pagar R$ 1 milhão, dando a entender que a dívida está ligada às campanhas. “Muito dinheiro foi para campanha do Wilson e para campanha do Bohn Gass”, afirma um dos participantes da conversa. Em outro trecho, um dos interlocutores diz que “vai ser uma espécie de caixa dois, mas é o cara que vai ajudar a resolver isso”, em possível referência a Bohn Gass.
A investigação começou em 2012, quando agricultores da região de Santa Cruz do Sul procuraram autoridades para se queixar de cobranças de empréstimos do Pronaf que não teriam chegado às suas contas. Segundo o jornal, a Polícia Federal constatou que havia valores retirados do Banco do Brasil mediante procurações e depositados em contas da Aspac, com alguns repasses posteriores a dirigentes da entidade ou militantes do PT.
O Banco do Brasil confirmou que apurações internas estão verificando as reclamações relacionadas ao Pronaf. O Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul e a Polícia Federal no Estado não comentaram o assunto.
O Supremo Tribunal Federal alegou que o caso está, neste momento com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Em nota, o Movimento dos Pequenos Agricultores, ao qual a Aspac é filiada, desautorizou a entidade a continuar acessando crédito com agricultores vinculados ao movimento e reiterou que a orientação é que o repasse seja feito na conta do agricultor ou do fornecedor. Refutou, ainda, “o uso político e eleitoral de fatos não provados”. Rabuske não retornou as ligações da reportagem, mas, em entrevista ao jornal Gazeta do Sul, no início do mês, havia negado existência de fraudes. Bohn Gass respondeu ao pedido do jornal com uma mensagem na qual diz: “Ainda não tivemos acesso aos documentos oficiais. Do que pude saber, a partir do vazamento seletivo de gravações, é que o trabalho que fiz para ajudar agricultores está sendo interpretado como parte de algo ilícito. Nunca sequer cogitei uma coisa dessas. Muito menos que a minha ajuda pudesse servir para encobrir o que quer que seja. Eu, efetivamente, tentei ajudar os agricultores. Desconheço e repudio qualquer irregularidade. Mais do que ninguém, quero que a investigação seja completa. Sempre estive e sempre estarei ao lado dos agricultores, inclusive trabalhando pela renegociação de suas dívidas toda vez que isso for justo e necessário.”
A investigação esteve por duas vezes por deflagrar operações de busca e apreensão conjuntas, com participação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Em maio, a ação foi abortada porque a Polícia Federal alegou falta de contingente às vésperas da Copa do Mundo. Nos primeiros dias de outubro foi a vez do Ministério Público pedir adiamento por estar com suas forças voltadas para a fiscalização das eleições. A Procuradoria-Geral da República vai pedir apuração dos vazamentos ocorridos no início do mês e agora por entender que prejudicaram a operação alertando os investigados.

Petista gaúcho diz que era operador de caixa-dois

Leia a reportagem de Veja em que o ex-assessor petista Paulo Salazar acusa o partido de opegar caixa-dois no Rio Grande do Sul:

O processo número 10801965571, da 16ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre, aparentemente trata de um litígio particular. Nele, o técnico em telefonia Paulo Roberto Salazar da Silveira, 47 anos, cobra 445.000 reais do Partido dos Trabalhadores, ao qual era filiado até o ano passado.

Paulo Salazar, como é conhecido pelos petistas, pretende provar que, entre 1998 e 2005, era obrigado a devolver ao partido cerca de 4.000 reais mensais que recebia como assessor parlamentar em gabinetes de deputados do PT na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. O ex-petista também reclama uma indenização material e moral pelo uso indevido de duas contas bancárias e de seu cartão de crédito por um comitê eleitoral do partido.

A ação judicial pode ser o fio da meada para desnudar os métodos de financiamento de campanhas políticas do PT com dinheiro público. Em entrevista a VEJA, Salazar contou o que fez e o que viu como um dos arrecadadores de campanhas eleitorais do partido. Seu relato é uma visita a lugares-comuns na já conhecida e nebulosa história político-financeira recente do PT – mas nem por isso deixa de ser surpreendente.

Revela como uma das alas mais radicais da legenda, a Democracia Socialista (DS), uma barulhenta defensora da ética, rendeu-se à sedução do caixa dois.
As revelações do ex-petista atingem a DS, corrente que reúne 20% do PT, comanda um ministério no governo do presidente Lula e tem como seu líder principal o ex-prefeito de Porto Alegre e ex-secretário-geral do partido Raul Pont.

De acordo com Salazar, entre 1999 e 2005 ele foi funcionário-fantasma nos gabinetes de Pont e do deputado estadual Elvino Bohn Gass. Além de não trabalhar, ele repassava o dinheiro que recebia integralmente aos parlamentares. "Eu sacava todo o salário na boca do caixa no dia seguinte ao pagamento. Até férias e décimo terceiro eram devolvidos. O dinheiro ia para o caixa dois da DS", afirma ele.

Extratos da conta de Salazar, em poder da Justiça, comprovam os saques. "Ele trabalhou e sempre recebeu tudo o que deveria", rebate Raul Pont. "É estranho essa denúncia aparecer em pleno período eleitoral." O deputado Bohn Gass confirma que Salazar trabalhou em seu gabinete e atribui sua indicação à cúpula do PT estadual. Ele nega ter se apropriado do salário do ex-funcionário.
 

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