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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Emigrantes Brasileiros no Paraguai


A criação da Paróquia Bom Jesus do Migrante é um sinal concreto da
Igreja diocesana desejando caminhar com os migrantes e um gesto corajoso
de fidelidade ao seu carisma da Congregação dos Missionários Scalabrinianos.
A vivência desta missão exige uma análise histórica da realidade
como primeiro passo para formar a consciência da nova paróquia.
Este pequeno ensaio que oferecemos é somente um “fazer memória” elementar
fundamentado em leituras, pesquisas e escuta de pessoas, com o
objetivo de iniciar um diálogo com toda a comunidade para viver a missão
de caminhar com os migrantes.
Dentro desse contexto o trabalho aborda cinco pontos:
No primeiro ponto faz-se um sucinto resgate histórico da ocupação da região
de Foz do Iguaçu, a evolução do município e os desafios e perspectivas
atuais. Destaca-se os diversos cenários que marcaram a trajetória de Foz do
Iguaçu para uma cidade que nasceu da mobilidade humana. Inúmeros fatores
se fizeram presentes no crescimento de Foz do Iguaçu: a tríplice fronteira,
a riqueza florestal, as belezas naturais do rio Iguaçu, a construção da hidrelétrica
de Itaipu no rio Paraná e o comércio atacadista exportador.
Foz passou a ser um lugar de encontro e de escoamento; lugar pelo qual
transita mercadoria que procede do oriente, dos países do hemisfério norte
e que atende a demanda consumista do povo brasileiro. Uma cidade de
desafios, pois a necessidade de atender pessoas tão diversificadas provoca a
criatividade organizativa da cidade e a capacidade das instituições (civis e
religiosas) de desenvolver valores e ações de inserção cidadã.
Diante dessa realidade há o perigo de buscar respostas imediatistas e
isoladas sem tentar uma reflexão mais ampla e profunda. O mundo fragmentado
de Foz do Iguaçu apela por uma sabedoria que aponte e alimente
ideais. Se há uma crise de emprego, habitação, saneamento, violência,
há uma crise mais profunda que é a perda do sentido da vida: a
pessoa se torna um elemento solto, com laços superficiais e explora todas
as oportunidades sem fixar-se em nada. A crise de sentido é a fonte de
toda violência e o ambiente propício para a depressão.
O segundo ponto analisa a inserção da Igreja no “sertão do oeste paranaense”
e, especificamente na cidade de Foz. Leva a entender que o espírito
do Concílio Vaticano II e a criação da Diocese fazem acontecer “igreja
povo de Deus”. O leigo organiza-se em grupos de reflexão ou em grupos de
famílias passando efetivamente a “ser fermento de transformação na sociedade”.
O espírito missionário dos sacerdotes e das religiosas identifica
para o fenômeno da intensa mobilidade humana: imigrantes estrangeiros,
migrantes internos, retornados do Paraguai, emigrantes brasileiros para o
exterior, turistas, caminhoneiros e estudantes estrangeiros.
Partindo do Banco de Dados do Departamento de Informações Institucionais
da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu o terceiro ponto aborda
os indicadores sociais da realidade onde a Paróquia Bom Jesus do
Migrante está inserida.
O quarto ponto apresenta as cinco comunidades que compõem a Paróquia
Bom Jesus do Migrante: Nossa Senhora de Fátima, Bom Jesus do
Migrante, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Santo Antônio e Santa
Terezinha. Relata entrevistas com pessoas que participaram da origem e
organização das comunidades e apresenta dados de uma pesquisa feita
com uma parcela das famílias dessas comunidades.
O último ponto levanta indicativos de ação pastoral da Paróquia com o
objetivo de projetar caminhos para melhor servir na realidade da mobilidade
humana em nível paroquial, diocesano e da região das três fronteiras.
Aponta para o desafio de perceber a problemática da mobilidade
humana, interpretá-la (diagnosticá-la), estabelecer indicativos de ação e
deixa dois questionamentos:
· Como a Paróquia Bom Jesus do Migrante poderá vir a ser um “modelo
exemplar” de pastoral migratória para as demais paróquias da cidade
de Foz?
· Como unificar os serviços da pastoral migratória existentes na Diocese
para que possam trabalhar em rede?

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