Ministra de Direitos Humanos evita falar em punição para acusados de racismo da UFMG
Carlos Eduardo Cherem
Do UOL, em Belo Horizonte
Do UOL, em Belo Horizonte
-
Reprodução/FacebookTrote realizado por alunos da Faculdade de Direito da UFMG gera acusações de racismo
Fotos do trote em que uma caloura aparece amarrada e pintada de preto, carregando um cartaz em que é chamada de "Caloura Chica da Silva" --em referência à personagem histórica, uma escrava negra libertada que viveu em Diamantina (MG) no século 18-- enquanto outro aluno a puxa com uma corrente, e, outra, em que alunos fazem saudações nazistas, um deles com bigode semelhante ao usado por Adolfo Hitler, e outro estudante está amarrado numa pilastra, circularam nas redes sociais.
- Alunos que ficaram pelados em trote na USP São Carlos vão prestar serviços comunitários
- Diretor da UFRJ chama outras regiões do país de "atrasadas culturalmente"
- UFRGS irá investigar trote com cabeça de porco e vísceras de peixe
O Conselho ainda exigiu, em nota publicada no Diário Oficial da União, que a UFMG preste informações sobre as medidas adotadas para coibir "as práticas criminosas".
Maria do Rosário salientou, porém, a singularidade de o fato ter ocorrido dentro de uma universidade. Indagada se deveria haver punição, a ministra dos Direitos Humanos defendeu "reflexão" sobre os trotes.
"Ninguém está acima da lei. O racismo é lei. A responsabilidade pode, sem dúvida, existir. No entanto, numa instituições de educação, acredito na transformação das pessoas e na reflexão", disse.
"A atitude de alguns alunos é reflexo de como eles se comportam com o outro". Segundo Maria do Rosário, a forte reação das pessoas, manifestada quando as fotos foram divulgadas na internet e pela imprensa, fará com que esses estudantes repensem seus atos.
"Essa atitude está sendo sentida pelos próprios jovens, no sentido deles repensarem e se posicionarem na forma de ver o mundo. De forma a perceber que a violência tem muitas formas de expressão, inclusive simbólicas", disse a ministra.
"Isso aqui", disse referindo-se ao trote na UFMG, "pode orientar todo o sistema educacional no enfrentamento de atitudes que são contra as pessoas negras, contra as meninas e as mulheres e contra os homossexuais, que em geral são também atingidos por violências no modo de falar e de agir nas instituições", disse Maria do Rosário.
A ministra participou nesta quinta-feira (11) de debate sobre os trotes, no campus da UFMG, na Pampulha, em Belo Horizonte. O encontro, parte da campanha Trote não é legal, organizada pela universidade, discutiu a questão da recepção aos novos alunos. Segundo a vice reitora da UFMG, Rocksane de Carvalho Norton, a campanha Trote não é Legal já estava programada pela universidade e não é consequência dos fatos, objeto de sindicância na UFMG.
Nenhum comentário:
Postar um comentário