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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

DCE da Ufrgs admite trotes violentos e com simulações de sexo

Na sexta-feira, calouro entrou em coma alcoólico e esperou socorro por quatro horas

Calouro de Computação da Mackenzie (SP) é obrigado a tomar vodkaFoto:
Calouro de Computação da Mackenzie (SP) é obrigado a tomar vodka
Conforme um dos integrantes do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Rodolpho Mohr, é comum a prática de trotes abusivos como o ocorrido na sexta-feira, na recepção dos calouros de Ciências da Computação. Na ocasião, Felipe Boff Molski, de 18 anos, bebeu tanto que entrou em coma e ficou deitado durante quatro horas na chuva no Parque da Redenção, até que a família, chamada por colegas, o socorresse. Ele participou de uma competição para descobrir quem era o 'bixo alambique', o que bebe mais. Teria tomado uma garrafa e meia de cachaça.

Mas, segundo Rodolpho Mohr, muitos outros trotes são realizados com ofensas morais, em especial às garotas. "Simulação de sexo oral, perguntas relacionadas às suas opções sexuais, é sempre uma alusão ao sexo muito grande. A gente costuma tentar resolver nas instâncias da faculdade. Já aconteceu no Campus do Vale, no Campus do Centro", revela.

Rodolpho Mohr explica que o calouro até pode não participar das brincadeiras se entender que elas são de mau gosto. "Claro que, às vezes, alguns cursos tem uma pressão de inclusão dentro do contexto social que quase obrigam a participação, mas os colegas não são obrigados e podem recorrer ao DCE, aos diretórios acadêmicos, e até à própria reitoria, para que não sofram retaliação por não terem participado do trote", enfatiza.

Essa possibilidade não foi oferecida para Felipe Boff Molski e, agora, a família espera que os culpados pela negligência sejam responsabilizados, como diz a irmã do jovem, Cristiane. "Negaram o socorro porque estava bêbado, mas isso por telefone, mas eles (socorristas do Samu) não foram nem ver o que ele tinha, negaram socorro por telefone", reclama.

Caso semelhante ocorreu ano passado no campus da USP de Lorena, interior paulista. O adolescente Bruno morava em uma república de estudantes, e, no trote, foi obrigado a ingerir álcool e drogas. Tentou fugir pulando a janela e se machucou. O jovem desistiu de estudar.

Na Internet, há diversos vídeos de trotes deste ano. Em um deles, na Faculdade de Computação e Informática da Universidade Mackenzie, em São Paulo, um menino é obrigado colocar uma camisinha em uma banana, e em seguida, tomar um litro de vodka.

Na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, a Unioeste, o lema dos veteranos de Biologia é este. "Sexo, orgia, Biologia". No trote da Biologia da Unioeste deste ano, as meninas simulavam sexo oral em uma banana, que foi passada de boca em boca.

Há dois anos, os trotes com banho de fezes de animais foram proibidos durante os trotes a calouros da Engenharia Ambiental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mas, neste ano, o procedimento foi repetido. No comentário do vídeo no youtube, o autor das imagens diz que "não foi o tradicional (banho) dado até dois anos atrás, mas deu pra matar a sede de muito veterano, ou instigar ainda mais, quem sabe?".

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) deve se manifestar nesta segunda-feira sobre os trotes abusivos. O comandante da Brigada Militar deve falar sobre a negligência alegada pelos familiares do calouro de Ciências da Computação somente depois do resultado do exame feito pelo Departamento Médico Legal, que será conhecido, provavelmente, na terça-feira. A secretaria municipal da Saúde apenas informou que a orientação para os socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é que não atendam casos de embriaguez ou mesmo coma alcoólico.





     Ouça o áudio: Rodolpho Mohr, coordenador do DCE da Ufrgs
Fonte: Marjuliê Martini/Rádio Guaíba

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