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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fórum Software livre


Na noite de segunda-feira, os estudantes de ciências da computação Renner Leal de Queiroz, 24 anos, Thiago Peixoto dos Reis, 24, e James Mota, 21, embarcaram num ônibus em Goiânia com outros 40 colegas da Universidade Federal de Goiás. Foram mais de 30 horas de viagem até a chegada, na manhã de ontem, a Porto Alegre.

O motivo da peregrinação: aprender sobre as vantagens do software livre. Na Capital, o destino do grupo era o Centro de Eventos da PUCRS, onde começou ontem um dos maiores eventos brasileiros de tecnologia, que vai até sábado (veja na página ao lado). Outras 91 caravanas de 14 Estados brasileiros e da Argentina, do Paraguai e do Uruguai foram para o mesmo local.

O Fórum Internacional Software Livre reúne, todos os anos, desde 2000, estudantes, profissionais de informática e representantes da iniciativa privada interessados na área. É um ponto de encontro para a troca de ideias sobre o movimento que dá nome ao evento.

– Eu considero o software livre um movimento econômico, uma forma de cooperativismo que permite a colaboração entre pessoas que utilizam programas de computador – declara o norte-americano Jon “Maddog” Hall, diretor da Linux International, organização não governamental que reúne usuários de software livre do mundo inteiro, incluindo empresas.

Dentro dessa filosofia, aqueles que aderem ao software livre têm permissão não apenas para compartilhar, mas também para modificar os programas de computador que utilizam. Não se trata somente de personalizar o ambiente de trabalho, e sim de alterar o código fonte (o DNA) do programa.

Na prática, explica Hall, o software livre facilita a busca de soluções. Se um empresário tem um problema com o programa de computador que seja livre, por exemplo, pode alterá-lo ou contratar alguém para fazê-lo. No caso do software proprietário, a solução teria de partir da empresa que vendeu o programa.

– Nesse caso, pode levar muito tempo e fazer o usuário perder dinheiro – completa Hall.

Para Mauricio Reis Mattos, 30 anos, funcionário da Companhia de Processamento de Dados da Bahia, conhecer programas livres já compensou no bolso.

– São programas de qualidade, que podem ser utilizados com outros que não são livres e, por conhecê-los, eu ganho uma diferença salarial significativa sobre outros profissionais da área que só conhecem o software proprietário – ressalta Mattos, que veio de Salvador para o evento.

Tanto para Mattos quanto para os estudantes de Goiás, o fórum de Porto Alegre ajuda nessa diferenciação no mercado. Em seus Estados, eventos sobre software livre também se realizam.

– A diferença é que aqui é maior, em público e conteúdo. Por isso, vale a pena encarar a jornada – justifica Renner Leal de Queiroz.

"A internet deve ser defendida", diz sociólogo

“Eles estão chegando”, disse o sociólogo e professor da UFABC, Sergio Amadeu, no Fórum Internacional Software Livre em 2008. Um auditório lotado ouviu como os interessados em cercear a liberdade da internet manobravam para frear o livre compartilhamento de informações na rede. Neste ano, Amadeu volta ao evento para atualizar o tema.

– A qualquer momento, alguém pode criar uma aplicação e revolucionar a internet sem pedir autorização para ninguém. Se retirarmos essa grande qualidade da internet, estaremos reduzindo a criatividade – defende.

Amadeu antecipou a ZH assuntos da palestra que faz hoje, às 20h.

Zero Hora – A palestra “O Império Contra-Ataca” já foi apresentada em 2008. O que mudou?

Sergio Amadeu – Vou mostrar que se intensificaram as ações de restrição da internet. Vou atualizar as disputas entre a liberdade e o compartilhamento de bens culturais e, ao mesmo tempo, todas as tentativas de colocar a internet sobre uma lógica do mundo da mídia de massa

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